O Centro de Tecnologia de Vacinas (CTVacinas) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) está prestes a dar um passo crucial no desenvolvimento da primeira vacina nacional contra a mpox, com o início dos testes em humanos. A equipe do CTVacinas está preparando o Dossiê de Desenvolvimento Clínico de Medicamento (DDCM) para envio à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), buscando aprovação para avançar para essa etapa final de testes.
A mpox, anteriormente conhecida como varíola dos macacos, ganhou maior relevância após a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarar a doença como uma emergência em saúde pública de importância internacional, devido ao risco de disseminação global. No entanto, a UFMG já vinha trabalhando no imunizante há dois anos, desde a primeira emergência global causada pela doença.
A vacina desenvolvida pela UFMG utiliza um vírus atenuado e não replicativo, o que a torna extremamente segura, inclusive para imunossuprimidos e gestantes. De acordo com os resultados iniciais, o imunizante foi eficaz em induzir uma resposta robusta contra a doença, incluindo a produção de anticorpos neutralizantes e uma resposta celular protetora.
Karine Lourenço, líder da Plataforma de Vetores Virais e Expressão de Célula Eucariota do CTVacinas, destacou que a vacina mostrou-se "protetora e esterilizante" durante a fase de pesquisa. Ela também afirmou que o Brasil está preparado para produzir o imunizante em larga escala, uma vez que a Anvisa aprove os testes clínicos.
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) indicou que a vacina contra a mpox é uma das prioridades da Rede Vírus, uma iniciativa para o desenvolvimento de diagnósticos, tratamentos e vacinas para vírus emergentes no Brasil. A UFMG conta com a semente do vírus da mpox, doada pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, que está sendo utilizada para desenvolver o insumo farmacêutico ativo (IFA), essencial na produção do imunizante.
Enquanto o Brasil avança em sua própria solução, o Ministério da Saúde já começou a adquirir doses da vacina Jynneos, da farmacêutica dinamarquesa Bavarian Nordic, que tem sido utilizada de forma emergencial desde 2023. Até o momento, o país recebeu 47 mil doses da vacina Jynneos, das quais 29 mil já foram aplicadas.
A expectativa em torno do desenvolvimento da vacina nacional é alta, especialmente com o potencial de se tornar uma solução eficaz e segura, adaptada à realidade brasileira.